Fins e Começos - Marianne Pradier

"Como tantos, é com temor que olho para o que está a acontecer com o nosso mundo: biodiversidade ameaçada, emergência climática, crises políticas e económicas, pandemia, convulsões sociais, nacionalismos a emergir. Enquanto pintora, o meu trabalho é contaminado, se não mesmo moldado, pelo meu estado emocional. E houve uma fase - longa - em que só era capaz de pintar versões do apocalipse iminente. Para assimilar esta ideia, a ideia do fim, tinha de o pintar. Como se, assim, fizesse o meu luto. Mais recentemente, comecei a pintar outras coisas. Ao início, não sabia o que eram, mas depois apercebi-me: estas imagens bizarras, estranhos híbridos, eram a minha projeção do mundo depois de acabar.

E porque nada acaba verdadeiramente. Coisas, mundos, civilizações - tudo se transforma. Perdem determinados traços, mas ganham outros. Algumas espécies extinguem-se, outras passam por mutações para existirem.

Elementos importantes da cultura humana ficam perdidos e esquecidos no tempo: línguas, costumes, deuses. E, claro, outros vão surgindo. Mas pressinto que parte do que temos e conhecemos hoje arranjará forma de permanecer por cá. As estátuas gregas talvez? Noh, a mais antiga tradição teatral ainda viva? As flores e árvores permanecerão certamente. Mas é só um palpite. E vocês o que acham?"

Marianne Pradier

ABRAÇO A SARAMAGO

“Abraço a Saramago” é o tema de um projeto expositivo em dois momentos que, entre 5 de Março e 30 de Abril, assinala o centenário de José Saramago na Casa-Museu Teixeira Lopes/Galerias Diogo de Macedo, em Vila Nova de Gaia. Uma exposição individual de Violante Saramago Matos, filha do escritor, e uma exposição coletiva que reúne grandes nomes das artes plásticas integram o programa da Onda Bienal promovido pelos Artistas de Gaia – Cooperativa Cultural.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Com curadoria de Agostinho Santos, a exposição individual de Violante Saramago Matos dá um “Abraço a Saramago” em 21 obras com forte componente afetiva, numa abordagem íntima à obra do Prémio Nobel da literatura, recriando trechos literários que se cruzam com o pincel da artista.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Em simultâneo, Albuquerque Mendes, António Bessa, António José de Carvalho, Avelino Rocha, Bruno Marques, Fernando Barros, Filipe Rodrigues, Henrique do Vale, Isabel e Rodrigo Cabral, Juan Domingues, Lina Carvalho, Luís Silveirinha, Nazaré Álvares, Pedro Calapez, Rui Costa, Rui da Graça, Valter Hugo Mãe e Zulmiro de Carvalho juntam 19 obras numa exposição sobre o mesmo tema, homenageando um dos maiores nomes da língua portuguesa.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

“José Saramago foi um homem de causas e, no ano do centenário do seu nascimento, a Bienal Internacional de Arte Gaia, através da Onda Bienal – que acontece nos anos de intervalo da Bienal – não podia deixar de destacar a memória coletiva de um escritor de referência, que marcou a nossa História através da sua Obra e da sua vida. Receber uma exposição de Violante Saramago Matos, filha do escritor, é um privilégio que reforça a nossa missão enquanto Bienal de Causas”, refere Agostinho Santos, Diretor da Bienal Internacional de Arte Gaia.

A exposição pode ser visitada de terça-feira a sábado, entre as 9h00 e as 12h30 e das 14h00 às 17h30, estando encerrada aos domingos, segundas-feiras e feriados, e conta com o apoio da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia.